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Years and Years. Imagem: Divulgação/HBO |
A partir desta data e pelos próximos 4 anos, a maior potência mundial até então, será governada por um presidente democrata. Mas o que seria dos Estados Unidos, e do mundo, se o atual ex-presidente Donald Trump tivesse conquistado sua reeleição em novembro do ano passado? Esta é a proposta distópica de Years and Years (2019), série britânica, original do canal BBC One, disponível no Brasil pelo app HBO Go.
Em 2019, o cenário político de instabilidade é uma realidade. Enquanto Trump cumpre o final do seu segundo mandato, ele decide explodir uma ilha pertencente à China. A Rússia invade a Ucrânia e Israel e Palestina continuam em conflitos. Simultaneamente, na Grã-Bretanha surge Vivienne Rook (Emma Thompson), uma figura política conservadora com discursos absurdos que pretende se candidatar ao cargo de primeira-ministra.
Após um acontecimento crucial que provoca consequências no mundo todo, a vida de todos os personagens converge. Em seis capítulos acompanhamos 15 anos (2019-2034) do dia-a-dia da família Lyons. Escrito e dirigido por Russel T Davies, o drama faz valer a máxima do quanto as escolhas de hoje impactam na realidade de amanhã.
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Years and Years. Emma Thompson como Vivienne Rook. Imagem: Divulgação/HBO |
Um pouco de distopia e um pouco de realidade
Da mesma forma que causa estranhamento com a semelhança dos assuntos atuais e possíveis previsões para o futuro, Years and Years trás uma abordagem familiar que pode ser facilmente identificável com um elenco bastante diversificado.
Daniel Lyons (Russel Tovey), é homossexual, trabalha no serviço de imigração e se apaixona por Viktor Goraya (Maxim Alexander Baldry). Stephen Lyons (Rory Kinnear) tem problemas de abandono parental. É casado com Celeste Bisme-Lyons (T'Nia Miller), que é contadora e vive preocupada com as filhas. Rosie Lyons (Ruth Madeley) é cadeirante pois nasceu com espinha bífida e procura um novo parceiro. Edith Lyons (Jessica Hynes) a ativista que sonha que vai salvar o mundo. Mas mesmo que os quatro Lyons tenham um bom background, a base da família está em Muriel Deacon (Anne Reid), a matriarca que faz questão de reunir netos e bisnetos anualmente para o seu aniversário.
No século XXI da produção, as borboletas foram extintas, não existe mais chocolate, alguns alimentos são produzidos em laboratório a partir de micro-organismos e. Os bancos quebraram fazendo com que milhares de pessoas perdessem tudo o que tinham. Profissões comuns como a de contador se tornaram obsoletas e as máquinas tomaram conta de todos serviços básicos. O reflexo é uma sociedade cada vez mais escrava do digital.
Além de tudo isso, a crise humanitária cresce a cada dia. Países europeus estão em conflito e muitos bloquearam suas fronteiras para refugiados. A intolerância e os discursos de ódio batem seus índices mais altos com elevados níveis de xenofobia e homofobia.
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Years and Years. Imagem: Divulgação/HBO |
Inovações tecnológicas futurísticas
Embora Years and Years coloque uma lupa a vários problemas já existentes como aquecimento global, os problemas do sistema capitalista, crise migratória e crise política contemporânea, eles também apostam em dispositivos tecnológicos existentes e inéditos.
Através do ‘Senhor’, um dispositivo de inteligência artificial que permite fazer ligações em grupo, pesquisas, informa as horas, toca música e mais, a família Lyons se mantém em contato. É através desse bate-papo, inclusive, que as notícias são comentadas.
Bethany (Lydia West), filha de Stephen e Celeste, introduz o conceito de ‘transumano’, que seria uma forma de fazer upload da consciência na nuvem. Dessa forma, o corpo físico morreria mas sua mente se tornaria dados e se manteria viva em algum dispositivo de inteligência artificial. Um tanto quanto doido, porém nada tão distante do que já vimos em Black Mirror.
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Years and Years. Imagem: Divulgação/HBO |
Também é de Bethany a iniciativa de inserir um microchip no cérebro e transformar sua mão em um celular, ganhando assim “superpoderes” tecnológicos de acessar bancos de dados, criar apagões e mais, tornando assim o aparelho físico desnecessário.
Por mais que Years and Years escancare a realidade atual e coloque o dedo na ferida em muitas questões, o propósito da minissérie é iniciar um debate importante. Sob uma ótica pessimista e distópica, porém bastante realista, a minissérie busca provocar a reflexão sobre o que estamos fazendo e onde vamos chegar, caso não comecemos a prestar atenção ao nosso redor.
E não importa o que aconteça no futuro, sendo igual ao da série ou não: É tudo nossa culpa.