Spin-off de Malhação: Viva a Diferença mostra a evolução das jovens adultas Keyla, Ellen, Lica, Tina e Benê seis anos após a novela.
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Daphne Bozaski, Ana Hikari, Heslaine Vieira, Manoela Aliperti e Gabriela Medvedovski em As Five. Foto: Divulgação/Globoplay |
Há anos na grade da Rede Globo, Malhação já é parte fundamental da história da TV Brasileira. Sempre colocando luz a assuntos recorrentes na adolescência e cumprindo seu papel ‘educativo’, a novela se mantém por gerações nas escolas e bairros cariocas. Em 2017, Cao Hamburger inovou na casa levando o estúdio para São Paulo e criando Malhação: Viva a Diferença, temporada premiada que, pela primeira vez em 25 anos, tem cinco mulheres como protagonistas da trama. O sucesso foi tanto, que a produção ganhou um spin-off no Globoplay: As Five (2020-atual).
Elas prometeram que seriam amigas para sempre. No entanto, seis anos após a formatura elas já não se falam mais com tanta frequência e cada uma seguiu sua vida. Durante a transição da adolescência para a vida adulta, as cinco enfrentam seus conflitos e lidam com suas frustrações e dilemas. Mas seus caminhos se encontram novamente por um motivo triste, a morte de Mitsuko (Lina Agifu), mãe da Tina (Ana Hikari).
O maior contraste de As Five continua sendo a bagagem de cada personagem. Keyla (Gabriela Medvedovski) segue sendo mãe solo, mas agora lida com o desemprego e a frustração de não ter seguido seus sonhos. É difícil criar um filho sendo uma jovem adulta que não teve todas as oportunidades que suas amigas tiveram. Da periferia para o mundo, temos Ellen (Heslaine Vieira), a nerd que está cursando mestrado nos EUA depois de uma passagem pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Seu foco extremo no profissional a fez uma adulta desligada do mundo social e que não aproveitou tanto a vida. Ainda assim, ela está noiva de Omar (Bilaal Avaz).
Lica (Manoela Aliperti), por sua vez é totalmente o contrário. Entre festas, projetos inacabados e uma tremenda ressaca amorosa após o término com Samantha (Giovana Grigio), Lica segue sendo uma garota mimada que aproveita a vida com a tranquilidade de que sua mãe (Martha, interpretada por Malu Galli) vai segurar a barra – até que a mordomia acaba e ela precisa crescer na marra. Benê (Daphne Bozaski) se especializou em música clássica e vivia estável até seu namorado da escola, Guto (Bruno Gadiol), com quem morava junto, se assumir homossexual, tudo foge do seu controle. Ela precisa lidar com a falta de controle e encontrar uma nova casa.
Tina, o elo que reúne as amigas, se tornou DJ e se apresenta nas noites mais badaladas de SP junto de seu namorido Anderson (Juan Paiva). A morte precoce da sua mãe desperta uma série de comportamentos rebeldes e inconsequentes. Tina abre mão do relacionamento, que já não andava bem e cai numa tremenda fossa.
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Uma lupa aos dilemas da geração Z
Ao conseguir um freela como redatora para um site, Lica sugere falar sobre os dramas da sua geração e usa como base a pluralidade existente no grupo. Benê é elogiada por sua dedicação e excelência enquanto musicista. Mas todo seu drama com o novo relacionamento com Nem (Thalles Cabral) e o jeito que decidiram explorar a vida sexual é criticado. Ellen é decidida a perseguir seus objetivos profissionais e é multitarefas, porém quando o assunto é vida pessoal, a indecisão é seu sobrenome.
Keyla é uma ótima mãe que não desiste dos sonhos e se permite viver novas experiências amorosas, mas não consegue se desligar das paqueras quando é pedida em namoro. Tina, ao mesmo tempo que se tornou uma mulher independente é refém das redes sociais e acaba agindo por impulso sem medir consequências de ter uma vida exposta sem filtros. As quatro rebatem as críticas de Lica enfatizando o quanto ela é imatura.
O que Malhação: Viva a Diferença fez lá em 2017 foi preservado e continuado na série do Globoplay. Agora, na faixa dos vinte e cinco, os dilemas das meninas mudaram. As Five é o retrato da geração Z impulsiva e confusa que está nadando sem saber muito bem para onde vai ou onde quer chegar. Somos imediatistas e nos frustramos com a mesma facilidade que atualizamos um status nas redes sociais.
Além de explorar a vida e as descobertas de uma jovem do espectro autista, de uma negra periférica no meio intelectual, de uma mulher amarela, de uma mãe desempregada e de uma mulher cheia de privilégios, As Five revela o início da vida adulta, os primeiros nãos, as desilusões amorosas, as perdas e o desiquilíbrio emocional comum a jovens adultos. Com tanto tempo distante, as meninas precisam não só aprender a lidar com seus problemas pessoais mas também reaprender a dinâmica da convivência em grupo e reestabelecer a confiança para se ajudarem entre si.
As Five é uma das séries brasileiras mais bonitas e poéticas. A mensagem que a série passa para as próximas gerações, e também para as gerações passadas, é de que não há porque alimentar uma rivalidade feminina que não beneficia ninguém além do mercado. Juntas, Keyla, Tina, Lica, Ellen e Benê são mais fortes e melhores.
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