Adaptação do famoso livro de John Green, preserva o coração do romance e entrega minissérie sensível sobre as alegrias e tristezas da adolescência.
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Looking For Alaska. Imagem: Divulgação/Hulu |
Após uma longa espera, finalmente a adaptação de “Quem é Você, Alasca?”, livro de John Green lançado em 2005, saiu do papel. O primeiro romance do autor foi um tremendo sucesso ganhando rapidamente o título de best-seller nos anos seguintes a sua publicação. Depois do lançamento do longa de A Culpa É das Estrelas (2014), a expectativa de uma produção com o primeiro título de Green aumentou, porém ainda demorou alguns anos para que isso acontecesse.
Miles Harter (Charlie Plummer) é um típico adolescente nerd que leva uma vida sem graça e sem emoções. É obcecado por biografias e em memorizar as últimas palavras de ilustres figuras históricas. Inspirado pelo que o poeta François Rabelais chamou de “o Grande Talvez”, em seu leio de morte, Miles decide que é hora de inserir aventura em sua vida. O garoto se matricula em um internato em outro estado, o mesmo que seu pai estudou quando jovem e guarda ótimas recordações.
Assim como no livro, a minissérie é narrada pela perspectiva de Miles. Sua jornada de autodescoberta é o ponto principal da trama, mas uma outra personagem rouba a cena e o título: Alasca Young (Kristine Froseth). Menina bonita, doce, simpática, amante de literatura porém esconde uma profunda tristeza. Da mesma maneira que Miles, também está buscando uma resposta para uma pergunta literária. O famoso questionamento “Como vou sair desse labirinto?” é de seu livro favorito, O General em seu Labirinto, de Gabriel García Márquez.
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Looking For Alaska. Imagem: Divulgação/Hulu |
A adaptação preserva a essência da obra
Fugindo do habitual em adaptações, a minissérie de oito capítulos do Hulu conseguiu reproduzir no vídeo a essência de Looking For Alaska. Josh Schwartz aproveitou para construir camadas nos personagens que não foram tão bem trabalhados no livro, como o Coronel (Denny Love), melhor amigo de Miles. Na telinha, Chip ganhou um dos melhores arcos. Ao explorar os degraus da desigualdade, os roteiristas deixaram o personagem mais rico e cativante.
Por mais que pareça uma narrativa adolescente boba de quem quer sair e explorar o mundo, Quem é Você, Alasca? é uma história pesada que traz a tona algumas das angústias e prazeres dessa fase da vida. Em Culver Creek, Miles tem suas primeiras experiências com sexo, cigarro e bebida, além de lidar pela primeira vez com a dor da perda.
O mistério da contagem regressiva para um acontecimento futuro é mantido, o que faz com que quem conhece a história fique ainda mais ansioso para o desenho das cenas finais. Se no livro conhecemos Alaska Young sob a perspectiva idealizada de Miles, através da série conhecemos verdadeiramente a personagem. Com a mesma intensidade do papel, ela o ensina sobre sexo, cigarro, bebida e tragédia. Mas no fim das contas, Alasca não deixa de ser mais uma adolescente bagunçada e traumatizada, cheia de falhas e defeitos.
Looking For Alaska não é e nem pretende ser uma produção alegre e leve. A complexidade da história de amor de Miles por Alaska ganha profundidade, assim como a abordagem do luto e seu entendimento. Os diálogos marcantes foram preservados e reproduzem a essência da turminha da Culver Creek. Um dos raros casos de sucesso que homenageiam a história original e podem ser confundidos facilmente com um fan service.